quarta-feira, março 19, 2008

Nem tão bonzinhos

Vale a pena ler.
Nem tão 'bonzinhos' ( Por Flávio Gikovate )


Os opostos se atraem. É verdade. Cerca de 95% dos casais é constituído de opostos, um egoísta e um generoso, que, aparentemente, combinam muito bem. Para o médico psicoterapeuta Flavio Gikovate, entretanto, a relação lastreada no antagonismo não pode ser considerada de boa qualidade. Essa dualidade, aceita e legitimada pela sociedade, acaba deteriorando o convívio íntimo e gera conseqüências em outras esferas, refletindo-se, por exemplo, no comportamento dos filhos e até em atitudes de âmbito social e político.
Com base em seus 40 anos de experiência clínica e no estudo das relações conjugais, Gikovate já escreveu vários livros abordando os conflitos que interferem no amor e na felicidade. Entre eles, Ensaios sobre o amor e a solidão, Uma nova visão do amor e A libertação sexual.
Neste mês de junho, comemorando 30 anos da primeira publicação, está lançando um novo título, O mal, o bem e mais além, cuja idéia central é fruto de uma longa reflexão: o egoísmo e a generosidade que se contrapõem na maioria das ligações amorosas.

“Cada vez foi ficando mais claro para mim que a humanidade se divide nesses dois grupos em todos os aspectos: o egoísta, que recebe mais do que dá, e o generoso, que dá mais do que recebe. E que generosidade não é virtude, mas uma falha tão grande quanto o egoísmo”, constata. “O egoísta não tolera frustrações e contrariedades, é mais estourado e agressivo e procura sempre arrumar um jeito de levar vantagem, porque a vida dura não faz parte de seu psiquismo. O generoso, por sua vez, não consegue dizer ‘não’ quando solicitado, porque não sabe lidar com a culpa, sentindo-se envaidecido e superior por conseguir dar mais do que recebe.”
O generoso, conforme enfatiza, é limitado por uma culpa indevida, já que a culpa correta só deveria ser sentida no caso de o indivíduo realmente causar um dano ao outro. “Se você quer a minha bala e eu não quero dá-la para você, é um direito meu, e se você ficar péssimo por causa disso, azar seu”, ilustra. “Agora, se você fizer cara de choro, eu dou. Com isso, você aprende a fazer chantagem emocional comigo, usando a minha culpa como uma fraqueza. Eu vou me sentir abusado, com raiva, mas superior.”
De acordo com o psicoterapeuta, o que existe como virtude é o altruísmo – dedicar-se a causas, fazer doações anônimas. A generosidade na relação íntima, porém, tem conseqüências negativas, já que seu desdobramento é o egoísmo. Sempre que houver um generoso, haverá um egoísta. O que explica essa atração? Segundo ele, a inveja: o egoísta tem inveja do generoso porque acha que ele tem mais para dar, é mais rico, e o generoso inveja o egoísta porque ele diz ‘não’ numa boa e faz muito mais por si mesmo.
“O generoso é muito mais competente para dar coisas ao outro do que para se presentear”, analisa. “Vai ao shopping, compra duas coisas e chega, já se sente culpado. O egoísta não tem limite, não é freado pela culpa. E como ele evita situações de dor e frustração, também nunca se coloca no lugar do outro nem imagina o sofrimento que possa causar. Cuida do interesse próprio e imediato. É capaz de coisas incríveis, que o generoso não é. Fica uma espécie de inveja recíproca, que deriva da admiração pela capacidade do outro. Por um lado, há um clima de encantamento, que leva à aproximação; por outro, um clima de atrito e insatisfação. Monta-se então um jogo de poder: o generoso sentindo-se valorizado, prestigiado e envaidecido com a sua superioridade, o egoísta tentando dominar o outro no grito e na chantagem emocional.”
O mais grave nessa “trama diabólica”, como ele intitula, é que um reforça o jeito de ser do outro. “Não posso mudar senão deixarei de ser admirado e amado. Essa é a idéia”, define. “O generoso cede cada vez mais, achando que assim vai satisfazer o outro, e o egoísta cada vez exige mais, nunca se dando por satisfeito. Os dois ficam cada vez mais antagônicos, estagnados, frustrados. Essas diferenças vão se radicalizando com o passar dos anos, gerando o afastamento ou a ruptura do casal.”
As conseqüências vão ainda além: “Os filhos se vêem diante de dois modelos – um exigente, estourado, reivindicador, outro bonzinho, tolerante, panos quentes. E dois modelos validados um pelo outro. A criança vai copiar um dos dois. O segundo filho, devido à rivalidade entre irmãos, provavelmente seguirá a direção oposta. Dessa forma, os dois padrões vêm se reproduzindo de uma geração para outra e se estendem da vida doméstica para a vida pública. O mais agressivo e guerreiro acaba sempre por deter o poder, enquanto o generoso funciona como uma espécie de poder paralelo. Ele cria a boa idéia, o egoísta se apropria dela e a executa. Tanto um quanto o outro são modelos de injustos. Como uma sociedade formada por pessoas assim pode ser justa?”
Para chegar à categoria dos justos, da qual Gikovate apresenta um “retrato falado” em seu livro, “sem fotografia, pois há pouquíssimos justos no mundo”, o ponto de partida seria parar de valorizar a generosidade como virtude e passar a vê-la como uma fraqueza que deriva do excesso de culpa e cria condições inexoráveis para a existência do egoísmo. “Ambos são imaturos”, enfatiza. “O egoísta não se desenvolve emocionalmente, porque lida mal com frustração, contrariedade e dor; o generoso, porque atola na culpa e não diz ‘não’ quando deveria.”
O justo, no seu entender, está além desses dois modelos: “Não quer se vangloriar e se destacar por ser melhor dando mais do que recebe, nem receber mais do que dá. Quer uma troca equilibrada. Não inveja o oposto, fica contente com o próprio jeito de ser e passa a valorizar as pessoas parecidas, estabelecendo relações afetivas de qualidade. O generoso aprende a dizer ‘não’ aos pedidos indevidos e deixa de ser objeto de chantagem, conquistando auto-estima e liberdade pessoal. O egoísta, por sua vez, sem o generoso por perto, também poderá progredir e amadurecer.”
Com o equilíbrio entre o dar e o receber, todos serão beneficiados, segundo Gikovate. Inclusive a sociedade. O caminho é longo e começa pelo conhecimento do conceito. É preciso tomar consciência e, a partir daí, trabalhar a auto-suficiência emocional, ser mais competente para se virar sozinho, ter um certo controle sobre a vaidade. Superar a intolerância e a incapacidade de lidar com culpa leva à maturidade emocional, a respeitar mais as diferenças e os direitos do outro, sem nenhuma idéia heróica de sacrifício pessoal em favor de nada nem de ninguém. “Parar no ponto justo é a única forma de buscar uma vida afetiva, pessoal, familiar e social mais equilibrada”, ressalta.
Finalmente, ele diz que seu novo livro se destina a pessoas não preconceituosas, dispostas a refletir fora do tradicional.
“O intuito é abrir caminho para a evolução pessoal. E isso é possível em qualquer idade, a qualquer tempo.”

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